sexta-feira, outubro 31, 2003

"Reive do Chapéu"

Fugindo das tradicionais festas de Halloween, o Tangolomango resolveu inovar: ao invés de fantasia de bruxa, um chapéu é o traje de gala desta sexta-feira, 31 de outubro. No cardápio, além da divina carne desfiada com abóbora (a versão brasileira do Jack-o-lantern), Mamutes, The Honkers, DJ Jorge, canjas especiais.

Gente bonita, excelente serviço e a garantia de que o garçom não vai começar a empilhar as cadeiras por volta da meia-noite e meia: o que mais você quer?

Serviço

O quê: Reive do Chapéu
Onde: Tangolomango (R. Alagoas, 78, Pituba. quem vem da M. Dias, primeira à esquerda na Sandwich Hall)
Quando: Hoje, sexta 31, até às seis da manhã!

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O psiquiatra Breno de Castro foi condenado à 8 anos de prisão semi aberta, pelo homicídio do pai.

Fui aluna dele em Filosofia, ainda na época em que eu acreditava. Um professor competente ao extremo, inteligente, mas já com traços de desequilíbrio. Ele trouxe Parmênides à luz para mim, que era apaixonada pelas suas aulas. Da turma enorme, eu era a única que batia bola com ele, que questionava, que conversava sobre pontos obscuros da Filosofia Clássica.

Ele matou por causa de uma suposta perseguição por parte do pai, perseguição essa que viria desde a juventude. Não acho que o sistema carcerário seja razoável em algumas instâncias, principalmente quando o preso cometeu o crime movido por forte emoção. Reincidentes e orrecuperáveis, como foi o Bandido da Luz Vermelha, deveria habitar um presídio agrícola, e pagar pela própria alimentação. Sem maus-tratos, sem agentes penitenciários espancadores, com uma atividade produtiva, que canse o corpo, que torne digna a vida do presidiário.

Justa essa pena? Não sei. Diz a lenda que ele chegou a ir armado ao campus de São Lázaro para acertar uma aluna por quem ele supostamente estava apaixonado. Pena semi-aberta é para quem não coloca em risco a vida de mais ninguém. E eu não sei se é o caso dele.

Talvez porque eu saiba que os acidentes acontecem até perto da gente, fiquei balançada. Eu gostava dele.

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Crônica em video clip

Almoço com uma companhia deliciosa, Borges, Tarantino, Oliver Stone. Volto, saio com meu amigo querido, rodamos a cidade. Pára, desce, vê preço de tatuagem, volta, pára, desce de novo, quanto??? Embarca, o guardador de carro indica um cara, mostra São Jorge tatuado nas costas. Salve Jorge, é mais longe mas é pra esse tatuador que a gente vai. Não despreze as coincidências. Shopping Oxumarê, prédio verde quinta-feira, e quem mandou foi São Jorge em pessoa? Oki Yarô! Tatuagem dele mais barata, e olha só: o tatuador é a cara do Vin Diesel! E o melhor: tinha horário pra ontem!

Meio dragão tatuado no braço, calção, corpo fechado, vamos, vamos, que os dois têm compromisso! Tangolomango, morangoroska, amigo do Pará, Lala-fashion, modelo desperdiçada, Moisés tudo-na-vida, uma declaração de amor coletiva. Ai, não quero ir embora, e lá vou eu pro supermercado com a mesma companhia deliciosa do almoço, madrugada afora.

"Deixa eu dirigir o carrinho? É a única coisa que a lei me permite guiar", e seguimos desbravando os corredores vazios do supermercado que não dorme. Rimos, dividimos uma Fanta Uva, volta, fecha o bar, vamos embora. Rimos mais, "você ainda vai jogar no time profissional, sair do time dente-de-leite", boa noite, obrigada pela companhia.

Obrigada por tudo, Rei! Se não fosse você ter abrigado uma sem-saco para voltar pra casa, meus pesadelos teriam voltado, e hoje estaria sem metade desse sorriso no rosto. É bom descobrir amigos onde antes só havia um esboço.
Almoço com uma pessoa muito querida, inteligente e deliciosa companhia. Do xadrez de Borges às cenas enormes de Tarantino, passando pelas citações de diálogos infantis e questões que as crianças da época em que eu era criança não faziam. Não vi o tempo passar, e por mim estava sentada até agora naquela cadeira de espaldar duro, sob o ar condicionado de gelar pinguins, ouvindo sobre pessoas que sonham dentro dos sonhos...

Fuga inesperada (e por ser surpresa, foi mais saboreada) de um dia cinza de céu azul.

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Eu saí sem ler o horóscopo!!!



quinta-feira, outubro 30, 2003

Pré-soninho

Um prato com bolo, um copo de leite e o vidro de calda de chocolate para calar a boca da consciência: "Danieeeeela, minha filha, o regime!"

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Sou urbana, sou de asfalto, de cimento... Mas quem explica essa paixão pelas coisas verdes, essa vontade de largar tudo e tomar o rumo do sertão da Bahia, para tornar produtivas áreas secas?

Construir poços artesianos no Nordeste, plantar o que der, e deixar que os meus netos (porque eu não verei isso) acompanhem a mudança climática que uma área verde promove. Árvores, plantação, isso faz chover. Aumenta a evaporação da água, que se condensam e caem. E o que era água salobra passa a ser água fresca. E assim se faz um ciclo. Irrigação, a resposta é essa!

Não sei realmente se a irrigação do solo com água ligeiramente salobra traz danos à terra. Mas não tem nada que machuque mais, nada que incomode mais do que ver as costelas aparentes de um boi de caatinga, do que ver a terra rachada. Irriga, gente, que a água evapora e cai limpinha!

E finalmente ver que o problema de fome, de desemprego, não se curam com frentes de trabalho inúteis. Se curam com trabalho no campo, se curam quando a gente investe alguma coisa em água. Hoje, se me fosse dado o direito de escolher, era isso: criar vegetais hidropônicos e sem agrotóxicos em pleno sertão!

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Quem me conhece não acredita, né? Mas perdi o saco para baladas, eventos fúteis. Saio com os poucos amigos que me acrescentam, vou somente à dois lugares porque me sinto em casa neles, só topo música se for no Tangolomango, porque sei que tudo é selecionado com rigor. Fora isso... Poxa, não me importaria de viver num sítio, com um terrenão para fazer uma horta, ter uma piscina, ver as crianças correndo, subindo em árvore, respirando e comendo bem. Um cavalo até passar o meu medo, um homem que topasse isso tudo, minha própria criação de cenouras e brócolis... Uns pés de cupuaçu, outros de banana, jaboticaba para fazer licor e um laguinho para deitar no pier toda as tardes, jogar pipocas pros peixes e agradecer a Deus pelo tanto que recebi.

quarta-feira, outubro 29, 2003

Que tal acordar às seis, e já às seis e meia ouvir a irmã martelando nisso aqui:

Não se vá
[Não se vá
Eu não consigo suportar


Ah, isso é Jane e Herondi!

terça-feira, outubro 28, 2003

Eu procuro. Puta que o pariu futebol clube, eu sou masoquista em último grau!

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E agora fico eu desejando o mal, torcendo pela tristeza do alheio, rezando para que tenha dado tudo errado.

E deu. Ah, pela Justiça Divina, deu tudo errado!
E finalmente o silêncio. Mentira. As teclas da máquina fazem companhia para o eventual resmungo do cão vizinho. Isso, e o coração que martela, inútil, batendo por ninguém.

Desconheço essa que me olha do espelho todos os dias. Essa menina de cabelos escuros, olhos idem, não sou eu. Mas é que eu nunca dei atenção suficiente para aqueles olhos enormes que se encolhem quando dão comigo do outro lado do espelho. Eu, quando era alguém, tinha cabelos longos, não no meio das costas. Tinha um olhar menos triste do que essa mocinha aí do outro lado tem. Tinha brilho, tinha viço, tinha tudo quando ainda era alguém.

Hoje sou uma farsa. Sou a tábula rasa que se passa por culta. Sou a boa-má filha. Sou a que enrola, que sai pela tangente, que é o que não aparenta ser. Sou a clubber de zona rural, sou a descoladinha tradicionalista, sou a independente que precisa. Uma farsa.

Eu era a bobinha do jogo de bola, era a café-com-leite dos jogos coletivos. Nunca valeu pra mim. Eu sempre joguei pra valer, nunca me deixaram ganhar. Nem perder, o que é muito pior. Eu era uma não-existência ocupando espaço no universo.

Hoje acho que já sou alguma coisa. Mas o quê? Em alguns dias, sou tampa de yogurte jogada no chão, fazendo de estrela contra o negrume do asfalto. Em outros, moeda de um real fingindo ser euro. Vários papéis, sempre, sempre a amendoeira do canto do palco.

Eu escrevo, eu produzo, eu movimento, eu dirijo, eu ajo, eu penso. Eu só não sei se sinto. Não sei o que sinto, se volto a sentir tudo o que senti antes, em igual intensidade, entrega. Desisti. Vou deixar minha ameixa seca bater seguir caminho, batucando no peito mais um sem-número de vezes. Eu só desisto de sentir. Desisto de tentar me fazer entender. Vou continuar compondo minhas guaranias em braile, jogando numa gaveta, trancando à chave.

Um dia um cego paraguaio acha.

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Pior que não saber quem sou, é não saber para que sirvo.

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E não me aborreçam, não sou copista escrota!

A inspiração veio desse trecho aqui, deste homem que adoro:

"Nós não seremos como os outros amantes, acreditando que cada tampa de garrafa prateada jogada no chão é uma estrela em potencial. Nós não seres tolos como os outros amantes, acreditando que vai durar a vida inteira quando a gente sabe que vai ser um ano ou dois.
O mundo ama os amantes. Ame, custe o que custar.'

Essas frases são do Prefab Sprout..."

domingo, outubro 26, 2003

Dias lacrimosos, água que não cai do céu, nem dos olhos, encanamento enferrujado por falta de uso. Dias pesados, estou afogando em terra quase firme, e só porque a umidade do ar está acima de 100%.

Talvez por isso tenha andado com os olhos marejados de três dias para cá. Excesso de água no ar, as gotas ficam empoçadas nas bordas dos olhos...

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A Bahia não tem horário de verão. E quem disse que o meu corpo sabe disso? Morro de sono depois da novela das oito, e ela ACABA às nove e quinze. Tenho fome lá pelas onze e meia da manhã, e isso é horário de breakfast. E que tal assistir Kubanacan às seis da tarde? Tudo na vida tem um limite!

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Por que é que todo gay é um pequeno Édipo? Lindas relações com a mãe, mas a pergunta não vai calar: esse apego às genitoras não cria problemas para se desapegar e engatar um relacionamento? E o namorados não enciumam?

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Praia, busca ao discman, pagar contas ou lagartixar: minha manhã de segunda-feira vai ser divina!

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Na verdade eu queria um namorado que fosse freelancer também. Amanhã de manhã a gente juntaria meia dúzia de pertences e iria para uma praia longe de tudo. Um carregamento de livros para cada um, um discman com entrada para dois fones, beira de praia, ou borda de piscina, ou margem do rio. Tanto faz. O que eu queria mesmo era bronzear minha mão com as mãos do outro cruzadas nas minhas, deixando marcas brancas onde o sol não tocou.

Eu ia pedir um laptop para aproveitar a maré criativa que certamente vai vir, mas namorado, discman, livro e laptop já é pedir muito...
Dois casos de repostagem

Eu realmente gosto muito destes textos. E damnit!, eles são meus mesmo!


Me encanta a doçura, a energia, a curiosidade louca de uma criança. Me apaixona ver os olhos arregalarem diante do novo — e o mundo é sempre uma caixinha de surpresas para elas. Adoro ver a sadia destruição que um bebê de pouco mais de 3 anos pode causar. Destrói a maquiagem da mãe, a roupinha bem ajeitada que a vovó vestiu nele, o brinquedinho da aniverariante, a cobertura do bolo. E quando não resta mais nada para levar ao chão, nos lança aquele sorriso inocente, tenro, e sai correndo, levando consigo mais uns corações destroçados, derretidos.

Pequenas mãozinhas agarram a minha saia comprida, e por um momento sirvo de guard-rail para aquelas duas almas inquietas. Aproveita, Guilherme, enquanto não reclamam porque você puxou as saias de alguém para cima. Essa permissividade não vai durar para sempre...

— Quer um brigadeiro?
— Não, quero bolo.


E o bolo lá, do alto da sua majestade quase glacial, de neve açucarada, encarando o menino, que tão educadamente controla as mãos para que não ajam sem controle. Três anos, e já sabe que se correr o dedo por aquela nuvem branquinha algo de ruim vai acontecer.

Sentei num cantinho, e fiquei saboreando aquele desfile de roupinhas rosa, copos de refrigerantes tombados, chocolates abandonados, canções infantis, gorgolejos de vozes pouco treinadas e sem vergonha de exibir o seu idioma primeiro. Estar com crianças é mergulhar num mundo onde nada que do conhecemos prevalece. Nem adianta insistir: entre um "bigadeiro" e um chocolate que virou "cocate", eles seguem, nos atropelando com os "ômbirus", fazendo girar as hélices do "licópto", tomando "fizerantch" e conversando sobriamente com o Papai do Céu.

E lá vai o nosso mundo, pernas para o ar, como a cadeira que a Bibia acabou de virar.

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Não esqueçam de prestar atenção no peixe indo embora...

Swimming in a fishbowl



Adeus. Pra sempre.

Como um dia quis que o nosso "pra sempre" fosse pra sempre, quero que esse adeus também dure. Pra sempre. Não precisa me levar até a porta. Já me expulsou tantas vezes da sua vida que conheço bem o caminho de saída da sua alma. Estou levando as malas. As minhas. Só.

Não quero nada que tenha (des)construído ao seu lado. Os "nossos" planos já não me servem mais. Ser feliz com você nunca foi viável. Será que fomos? Será que não tomamos a pílula azul, e temporariamente nos deixamos voltar para a Matrix?

Vou derrubar as paredes que erguemos juntos para guardar nossos sonhos surrados, já meio gastos, malas rodadas. Vou arrancar o piso aveludado que escondia a podridão do assoalho velho, de madeira enegrecida pelo tempo e pelos pés que nos pisaram o coração. Vou arrancar os papéis de parede e deixar ver as ranhuras de vasos atirados contra nossas cabeças, furos de pregos que sustentaram quadros de outrora. Vou exibir as chagas que as unhas de outra deixaram no concreto da sua alma, vou deixar que o mundo veja as marcas das minhas mãos na tinta descascada, mãos que tentavam se agarrar a qualquer fragmento, para que eu não me afogasse nas águas do meu próprio desespero.

Todos vão ver a marca da bala que me trespassou a alma, vinda de trás, e os fragmentos de memória olfativa, táctil e auditiva que saíram pelo buraco feito pelo tiro. Os novos habitantes das nossas almas vão encontrar o sulco do meu corpo encolhido de dor no chão duro. Dos seus pés ruminantes, cavando um pequeno buraco para jogar o que restasse de mim. Os nossos novos hóspedes verão pequenos furos no colchão, no parapeito da janela, na mesa da cozinha, nas suas mãos, nas minhas.

Lágrimas. Todas elas que derramei quando ainda acreditava. Vou regar todos os nossos vasos de planta com as minhas lágrimas ácidas, e ver morrendo uma por uma. Flor por flor, que tanto trabalho tivemos para convencer que o mundo aqui fora não é cruel. Uma gargalhada amarga. Mentimos, florezinhas! O mundo pode não ser cruel, mas as pessoas são. Ele é. Eu sou.

Vou derrubar a lápide de um amor natimorto, que embalamos nos braços, criança no sono, na esperança de que aquele arremedo de cuidado o ressucitasse. Vou arrancar as cortinas primaveris e deixar bem à mostra as marcas que fiz com a minha testa no vidro da janela, esperando que o inverno se fosse, que você viesse, que parasse de doer. Esperando que tudo fosse de verdade. E pra sempre. Como foi o amor. Como será esse adeus.


sábado, outubro 25, 2003

"Não entendi o enredo desse samba, amor"

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Que falta de timming do cacete!

Há mais de dois anos eu espero por eisso, por um convite, por uma insistência, e quando acontece eu resolvo fazer charminho e entro pelo cano! Mas pensa, pensa numa coisa que já começou com um delay de 15 minutos! Foi exatamente isso: quando eu me dava conta, eu já tinha feito a merda há pelo menos 900 segundos.

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Troféu cara de pau

Fui arranjar uma figuração de emergência em Jacuípe para o filme dos deuses celtas. Bom. O mínimo era de 10, o ideal era mais de 15, todos vestidos para um casamento. Fiz a recontagem, 20 figurantes, por favor, senhor diretor de produção, eu preciso de mais cem reais para pagar o resto da figuração.

— Dani, arruma o pessoal na saída da igreja, duas fileiras fazendo um V.

Certo, Marco Túlio da publicidade, com esse seu sorriso abrasador eu arrumo o pessoal em qualquer letra do aramaico! Mas... Engraçado... Tem alguma coisa errada...

— Sem Noção, quantos figurantes têm?
— Um... seis... treze... dezenove, vinte, vinte e um, Dani!


Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaao! Ó, Nossa Senhora das Produtoras de Casting Armengado, por que comigo? Por que não me deste o tempo suficiente para retirar o último incauto? Cena feita, e agora, meu Deus, e agora?

Comecei o pagamento, e sempre deixando os dois últimos a chegar no set lá pro fim da fila. No processo, estou ouvindo as conversas, e olha só: os dois figurantes que chegaram no set são irmãos gêmeos!

— Mentira!!!
— Verdade, a gente é gêmeo mesmo!


Eureka! Problema resolvido!

— Pois bem, já que vocês nasceram juntos, vocês vão dividir o dinheiro também!

Uma nota na mão de cada um, meio cachê para cada irmão, virei as costas e segui o caminho, rindo de puro desespero.

Segundo o chefe dos motoristas:

— Daniela pagou o cachê por barrigada! Cada barriga, um cachê!

terça-feira, outubro 21, 2003

Lancei minha candidatura!!!

"E assim vou treinando para um dia cumprir minha vocação e lançar meus filhos no mundo. tomara que seja em breve. "

Roubado deste blog maravilhoso, desse homem admirável, cujos futuros filhos agora têm mais uma candidata ao cargo de mãe!

Daniela 2004, rumo ao futuro!

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Horário Político

Cozinho (muito bem!), fotografo as crianças dia após dia, vou brincar com os pequenos até o dia em que eles cansarem (e aí vai me restar esperar pelos netos), sou completamente apaixonada por crianças. NÃO quero chegar em casa e encontrar tudo arrumadinho: quero encontrar crianças saltando pela casa, com pequenos pés marcando o chão de lama, pequenas patas caninas acompanhando o folguedo, e brinquedinhos espalhados pelo quintal e pela sala.

Promessas de campanha

Prometo chorar nas festas de Dia das Mães, prometo guardar todos os desenhos que vierem da escolinha, prometo deitar na beira do lago para jogar pipocas para os peixes junto com as crianças. Prometo levar ao zôo, ensinar a jogar cartas, a fazer os poucos origamis que sei. Prometo andar com as fotos na carteira. Prometo um conhecimento acima da média de desenhos animados antigos, um cabedal de cultura inútil porém divertida, prometo aprender com a minha mãe como se faz um cavalinho de pau com restos de meia e espuma. Prometo andar descalça com eles na água, não superproteger nem desamparar. Prometo tentar equacionar o amor desmedido com a disciplina.
Momento terça-freak

Estou fazendo o comercial de um carro bacana, que entra no ar daqui a alguns dias. Minhas bicicletas vão ficar famosas, já que são elementos de cena. Já fico imaginando na segunda-feira, quando elas colocarem as rodas pra fora de casa, a multidão de fotógrafos na frente do prédio, em busca da melhor fotografia. E quando a "Guidons" ligar pra cá, querendo convidar as tais para um final de semana na "Ilha de Guidons"? E se a minha Caloi começar a namorar uma Monark, alguém vai chamá-la de lésbica?

Será que alguém vai convidá-las para fazer novela? Uma do Carlos Lombardi, e elas lá, quase despidas, com o traseiro do Marcos Pasquim por cima delas? Falando em despidas, será que a "Playbike" vai querer que elas posem nuas, sem as correntes, só com o adesivo da marca? E a "Boa Forma", a querer saber o que elas fazem para continuar "magrelas"?

Pronto. Passou.

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Corre, marca pauta, briga, sofre, discute, redige, passa por fax, espera, reenvia, cobra, liga. Pára, pega um ônibus e vai ao médico. Hora marcada há duas semanas, não dá pra faltar. Chego, entrego documentos, subo escada, assino, sento, espero, espero, espero, espero.

Uma hora depois...

— Por favor, o Dr. Coisinho está com algum problema de horário? Estou esperando há uma hora.
— Mas o Dr. Coisinho já foi!


Que raios caiam do céu e que a ira de Tupã te transforme numa palmeira, ó ignóbil atendente!

— Como assim foi embora???
— Acho que entreguei a ficha para o médico errado...


Ela checa (coisa que devia ter feito ANTES!!) e sim, entregou a ficha para o médico errado. Ó, infeliz, era o único dia em que não podias deixar a burrice vir à tona. ELA me pergunta:

— E agora?

E agora que você volte à sua forma de origem, seu repolho!

— E agora voce vai arranjar um horário extra pra mim esta semana ainda!
— Quinta-feira está bom pra senhora?


Ó, não! Ela falou as palavras da maldição! Pelos deuses celtas, não! Juro, vi uma frota dos carros do comercial passando pela cabeça da imbecil, enquanto 43 MODELOS (piores que atores) recitam MAL o texto do filme que vamos rodar!

— Impossível!

Ficou pra segunda-feira.

Nesse episódio, nenhum coelhinho e nenhuma balconista BURRA foram feridos.

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Sem estar apaixonada fico chata à exaustão...

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Outro que vai virar astro... O sacana foi aprovado no casting que NÃO ia fazer.

Vou mudar de profissão: agora sou agente de bicicletas, pés-de-pato (oh-yeah!) e pranchas de bodyboard e amigos relapsos.

segunda-feira, outubro 20, 2003

Orgulho de mãe!

Quando acabou a história com o Fera, depois de muitosofrer, escrevi "Amor nos tempos do Photoshop". Essa moça copiou para o blog dela, com os devidos créditos (OBRIGADA!!!), e algumas pessoas comentaram.



Genial isso !!!! Acho que estou precisando brincar um pouco de photoshop ! Bjos

Laila | 19-08-2003 09:45:04


Quem dera que a vida fosse tão controlável quanto um programa de computador... se bem que perderia um pouco o efeito-surpresa. beijo

Noltus | Homepage | 19-08-2003 11:30:01


E eu o que faço ??? Preciso aprender a usar Photoshop ??? Lindo, Thaís. Uma graça o texto e a melhor forma de se desvencilhar de alguém....

Ronaldo | Homepage | 19-08-2003 17:48:43


E aí? Interessante suas escolhas de texto! Não sei se é só impressão minha, mas eu os leio pensando que foi você que escreveu! No mais, tudo blz por aí? Espero que sim... Beijos!

Nuno Theodoro | Email | Homepage | 22-08-2003 09:55:22







domingo, outubro 19, 2003

Tensão pré-producional

E eu quero que exploda, que morra, que feneça. Eu sou assim, aprendi a dizer não, a mandar se foder, a enfiar no cu e calar a boca. Aprendi a não fazer o que eu não tenho vontade, aprendi a dizer o que eu penso, a não esconder os olhos brilhando quando há algum amor.

Quer, quer; não quer, adeus! Fila anda, bonde vai é pra frente. Tem um nome conceituado, mas faz merda pra caralho. Enlouquece as pessoas daqui, pede tudo à prestação. Cada dia uma novidade, cada dia um número maior de coisas. Caralho de profissão escrota, caralho de profissão de sacana, merda de opção de vida!

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Mau-humorada? Eu? Como assim?

sábado, outubro 18, 2003

Post Scriptum

E na falta do que inventar para justificar chorar, estou arrependida por nunca ter rezado por ninguém, estou com saudade dos meus cachorros que morreram, estou DOENTE de saudades de São Paulo, estou triste porque não tenho metas, porque está tocando a música que eu ouvia com o famoso e nada ordinário e porque eu não consigo achar um celular que me agrade pra comprar.
Estou com uma vontade tão grande de chorar que acho que vou dormir até a vontade passar.

Mas tão grande, tão grande é a vontade que eu vou acabar chorando em propaganda de sabão em pó. Imagina, aquela família linda, correndo com lençóis brancos por gramados enoooooooormes, sorrindo...
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Chuif...
Inspirada no Johnny

Não tenho guarda-chuvas porque eles sempre me perdem. E ser abandonada de novo é mais do que a minha saúde permite.
Tirando o rimel na raça

Na boa, arrancar o rimel com a unha não deve ser a maneira mais adequada de tirar esse troço...

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Estou tão hermética que um dia desses eu viro autista.

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Sim, eu acho realmente que estou me apaixonando por ele. Ou estou carente o suficiente para aceitar qualquer manifestação de carinho. Paixão não programada, briguei contra, e fico mentindo pra mim o tempo inteiro.Estou inquita, insegura e mais todos os "ins" que caracterizam confusão.

A parte legal: meu "irmão", pela primeira vez, disse que aprovava 100% um provável relacionamento meu com o Criador.

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Olivier Anquier mora no Brasil desde 1979, e o irmão dele, Pierre Anquier, agora caminha por estas terras onde se plantando tudo dá. Falando sério, se a França estiver tentando colonizar o Brasil, e eles forem os novos conquistadores, EU ME RENDO!
Show de sinceridade

— Dani, admita, você está se apaixonando por ele...

E estou. E acho que aquele saber é único. Pouco valeu o outro não se saber único hoje..

Eu o queria, o assistente;ou ao outro, diretor. E a fotografia deles ainda está na minha carteira. Deles (TODOS), amor para toda a vida; homens para amar. Como ontem. Como hoje. Como amanhã.

sexta-feira, outubro 17, 2003

Sem noção strikes again

— Dani, chegaram os elementos de cena do filme de quinta! Eles querem bicicletas, prancha de storyboard, de surf...
— PRANCHA DE QUÊ???
— De storyboard, de surf...
— De bodyboard, né, sem noção?
— Ah, é isso aí mesmo...


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— Já imaginou se você está andando no campo e de repente cai do céu uma cadeira de avião com um homem amarrado no cinto de segurança?

Numa boa, que tipo de pessoas tem digressões com esse assunto?

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Entrei no frescão, deixei passar os pinguins que iam para o fundo do ônibus fazer sambão (ar condicionado regulado para -4, tenho certeza!), entreguei o dinheiro, recebi o troco. Aí ouço uma voz de menino, 4, 5 anos, admiradíssimo, no banco atrás do meu:

— Olha, pai, a moça de gravata deu dinheiro pra moça da frente!
— É o troco, meu filho. Ela pagou a mais, e agora está recebendo o que sobrou...
— Mas ela deu um dinheiro e recebeu três dinheiros de volta, pai!


Nessa hora eu jogaria a cartela de pílulas anticoncepcionais no lixo...

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O outro está em crise profissional. Esse é um trabalho para a super Daniela, que vai se vestir deTangolomango para combate o crime, os malfeitores e a paúra dos amigos artistas.

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Mal caiu na conta...

... e eu já estou com medo de puxar o saldo! Depois do pagamento hard que fiz ontem, rezo para ter sobrado pelo menos o do ônibus...

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De volta ao começo

Só falta a louca me mandar buscar caixa de colorbar e gancho de puxar nuvem...

Prancha de storyboard... Rá!

quinta-feira, outubro 16, 2003

— Cansei do planeta Terra...

Eu queria que a sensação de não-pertencer fosse passageira. Que eu pudesse acordar amanhã cedo, ou depois de amanhã, e sentir que finalmente eu faço parte. Que esse corpo é meu, que essa vida é minha, que existem planos para daqui pra frente, que existe um lugar feito pra mim. E queria acordar nesse lugar.

Queria acordar com um destino, com uma história pela frente, com futuro. Não mais levantar com essa sensação de desnorte, de desrumo. Queria levantar sabendo que tenho uma agenda de páginas preenchidas de coisas pra fazer, coisas que colocassem tijolo por tijolo, num desenho lógico. Coisas pequenas, mas que tomassem forma de uma vida quando juntas.

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Que todo mundo tenha um parceiro de trabalho como a Dupla. Essa noite eu durmo.

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Tem gente nova aí do lado!

Johnny, done de um blog delicioso, que também é fã da Ithamara Koorax, a quem conheci no Tangolomango. O bacana é que achamos nossos blogs sem sabermos que éramos os mesmos do bar...

Tem os blogs novos da Carol e do Neto, tem o fotolog do Rodrigo...

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Estou rica!

Preciso de autorização para tirar minha carteira de motorista, preciso comprar um novo celular, preciso pagar minhas contas, preciso de um discman.

Uh, eu estava rica...
Fazendo casting, e tenho certeza de que as pessoas me odeiam.

Fui achada na balada de ontem, Tangolomango de última hora, com a bomba:

— 50 fotos de modelos, maioria negros, no email do cliente amanhã.

Rá, e não quer que mude a cor dos coqueiros de Sauípe, não?

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Não adianta mentir, Daniela: você está louca para beijar aquele homenzinho complicado!

Apaixonada? Acho que não, mas estou realmente empenhada em fazer com que a soma dos três lados dê 180 graus. Como num triângulo isóceles, somos dois lados iguais e um diferente. Mas sem uma parte somos apenas um ângulo.

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Aquele homem fabuloso me faria largar marido, filhos, emprego e salário fixo.

— Mas você não é casada, Daniela!

E daí? Mais um motivo para achar esse homem maravilhoso. E o bacana é que conheço alguns dos seus defeitos, e mesmo assim acho que ele é o homem ideal. Homem que desliza pela frente dos meus olhos como quem patina no gelo; rodopia e termina o número sempre olhando em torno, para ver se acompanhei cada passo do seu movimento. E olhei, segui cada passo, cada movimento, e senti o gosto do beijo antes mesmo dele vir.

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FALANDO COM A MINHA CAROL!

quarta-feira, outubro 15, 2003

Um email de manhã me traz de volta à razão.

"(eta geniozinho ruim este seu, viu! caralho, me supera!)"

Eu admito. Meu gênio é péssimo, meu humor é de cobra; mas quando se tratam dos meus, sou intragável, sim. Não tenho porque fingir que gosto, que me agradou, que sou legal. Não, não sou legal. Sou excessivamente irônica com uns, com outros uso aquela verdade feita pra machucar, pra um outro grupo eu dou aqueles sorrisos que ninguém pode acusar de falso...

Mas a vantagem é que os amigos têm tudo de mim. Os amigos conseguem me fazer ponderar sobre sair ou não num sábado à noite (mesmo que eu diga não, né, Lala e Luna?), meus amigos conseguem me fazer rir mesmo quando estou empurrando um carro madrugada afora.

Sou escrota, mas a maioria das pessoas têm o meu melhor.

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Rouca que nem uma pata, e Deus sabe porque. E nem adianta dizer que voz rouca é sexy. Definitivamente não é.

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Está parado provisoriamente o trabalho do site Lost in Sauípe, com a colaboração do Mano Luna e do Mano Saulo.

Por quê?

Porque estou sem saco, mesmo!

terça-feira, outubro 14, 2003

Daniélicas

Entre as várias coisas legais do budismo, uma delas é que o descanso é nos dias terminados em 4 e 9. Convenhamos: é MUITO melhor que finais de semanas corridos. Você descansa em dias que não dependem do dia da semana. 04, 09, 14, 19, 24 e 29.
Ecos do VT espanhol

Último dia de trabalho, e vamos Luna, Lala, Branca de Neve e eu explorar o hotel.

— Lá em cima tem um terraço marvilhoso!

23 andares depois, éramos os donos do terraço, que dava vista para Salvador inteira, e esticando o pescoço um pouquinho dava pra ver um pedacinho da África. Rodrigo deitou no chão, eu deitei em perpendicular, e não faltava mais nada:

— Vamos fazer uma formação de estrela?

Deitamos os quatro em formação de paraquedistas ao contrário, de mãos dadas, gritando.

— Vamos virar de barriga para baixo e abrir os pára-quedas!

A assim fizemos, e rimos, rimos, rimos. Ainda deitados, conversamos sobre tudo e nada, rimos mais, ficamos mais próximos.

— Formação de novo! Lá vem um avião!

E as quatro crianças descobriram que no fundo só queriam que o avião passasse e as visse. Voltamos a ser estrela, o avião foi embora, hora de trabalhar. Limpamos a poeira do corpo e saímos em fila indiana do terraço... bem no momento em que iam entrando três executivos enfatiotados, com tero completo, gel no cabelo e pompa! Cinco segundos de atraso e seríamos flagrados em formação de estrela, ou abrindo o pára-quedas, ou salvando a vida do outro.

O que, eu tenho cá pra mim, teria nos divertido muito mais...
No dia em que o meu céu pessoal amanhece azul, umafrente fria se desloca da região sudeste em direção às praias do Nordeste. Droga, não vou tomar Prozac hoje para deixar o humor combinandinho com o céu...

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Selo Discos, da Shagadellic Enterteinement, lança "As 16 melhores de 16 Toneladas + 9 incríveis Bônus Tracks"

Sai o mais esperado lançamento da temporada! "As 16 melhores de 16 Toneladas + 9 incríveis Bônus Tracks" será apresentado para a imprensa e convidados no próximo dia 16, no Tangolomango. O trabalho, um apanhado das 25 gravações do clássico Sixteen Tons, conta com a presença de Nilo Amaro e Seus Cantores, Platters, Joe vs Volcano, Los Plateros e outros expoentes musicais.

16 toneladas, música indispensável nas pistas de dança mais descolas do planeta, foi originalmente gravada pelos Platters, e hoje tem versões em samba-rock, funk, rockabilly e remix. O projeto é uma iniciativa de Daniela Henning e Rodrigo Luna, feliz proprietário da primeira (e única) cópia.

Interessados no CD deverão entrar em contato através do email linkado abaixo, no meu nome.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Eu sempre disse que não me lembro do melhor beijo. Mentira. O melhor beijo, o que mais combinava, o que mais me balançava, era o dele. Os melhores beijos, e ainda hoje, quando me lembro como era andar de mãos dadas com ele, penso que não existiu melhor.

Anos se passaram, foi o romance mais estapafúrdio do mundo. Foi o menos esperado, o menos provável, o primeiro em que consegui sincronizar os beijos com o amor.

Mas foi o homem que me fez chorar com o rosto entre as grades do pier, foi o homem que que me fazia ficar feliz só porque me ligava. O cara que era estranhamente fiel, que tinha ciúmes, que "terminou" comigo por causa de um telefone anotado no meu pulso. E que no final não era nada: era um contato profissional encontrado na noitada.

— Daniela, seja honesta!

Certo, ele "terminou" comigo por causa de um selinho inocente (sic) que um amigo me deu na frente dele. Esse amigo hoje é um respeitável chefe de família e nem ligou por ter destruído a minha vida amorosa.

Foi estranho ter-me apaixonado por ele. Nosso patamar de relacionamento mudou completamente, saímos da doce camaradagem de boteco para a intensidade dos que cometem erros e se arrependem. Os culpados sempre são mais incisivos, e ambos carregávamos a culpa por não ter dado certo. Tirá-lo da minha vida foi um exercício de fé, foi um auto-flagelo consciente. Quem nunca enfiou na cabeça que precisa esquecer alguém , e sofreu, sofreu, sofreu até achar que não aguentaria mais... e aguentou?

Eu aguentei. Eu sobrevivi. Não doeu nem mais nem menos que amores passados. Doeu muito, esqueci e se não valeu de mais nada ter sofrido tanto, serviu pelo menos para transformar aquela camaradagem superficial em amizade consistente. Canto com ele da mesma maneira confiante com a qual ele conta comigo. É um homem em quem acreditar.

Mas eu confesso que ainda tenho uma certa expectativa a cada vez que abro minha caixa de email e vejo um email pessoal dele pra mim, ou quando ligo pra ele e ouço:

— Colé, Dani, posso falar sim!

domingo, outubro 12, 2003

Ithamara Koorax

É mais que um show. É uma hora de boca aberta, de olhos que eventualmente se enchem de lágrimas, de lábios que sorriem sem que nos apercebamos. É mais que um espetáculo. É uma entrega da alma, é um teste para os olhos que não se despregam dela. Minto. Eu consegui deixar os olhos correrem pelo baixo do Jorge Pescara.

Num ping pong dos olhos, passei quase uma hora sem ouvir mais nada, sem pensar em mais nada, sem ver mais nada. Enquadrado pelo coração, Ithamara e Pescara. E a alma a sorrir, quietinha, lá do cantinho, enquanto dava espaço para "Black is Beautiful".

E dia 17 estou lá no Sofitel, para ver a Ithamara de novo!

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Dia perfeito

12 horas de estúdio. 29 histórias de carro gravadas. Dirigir seres humanos que às vezes se portam como pedras. Ouvir bons "causos". Trabalhar com o Luna. Biscoito de chocolate, Coca cola, bauru na padoca, planos para produzir um curso de câmera. Eco da noite anterior, flashes de um baixo elétrico e seu capitão, direção de casting. Dia bom, o massacre a gente ignora.

sexta-feira, outubro 10, 2003

Daniela, a herege

Quem é, por Deus, quem é Elis Regina depois de Ithamara Koorax cantando Black is Beautiful?

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Salve, salve, salve Ithamara Koorax!

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Flea, passa no guichê para pegar "seus tempos"!

Há algumas semanas eu montei minha banda ideal, o que seria a melhor banda do mundo. Como a banda é minha...

Jorge Pescara, a vaga é sua.

Daniela, convenhamos: psicodelia tem limite.

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Festa no Terreiro, noite no Tangolomango, empurra carro, pedido de desculpas via "chat". Desculpas aceitas, aquilo podia ter-me feito melhor. Não fez. Não sei qual é a minha, não sei qual é a dele, não sei qual é a do criador. Trabalho, trabalho, trabalho, "você me perdoa?", e sim, perdoei. Texto do Celta repetido à exaustão, canção para você viver mais. "Você quer viver pra sempre?", e olha que isso foi perguntado depois de uma curva particularmente perigosa.

Riacho de Oxum, joelhos no chão, areia na testa, sinal-da-cruz com a mão esquerda. "Aimeudeus,vou pro inferno?", Continuo aqui, e nem sei o que seria melhor: estar aqui ou estar lá. Não, não no inferno. Lá. Mas lá aonde? "Seu lugar é onde está o seu coração", e então não tenho lugar. Não tenho coração. Rá, um dia da caça, outro do caçador, e hoje quem passou a lima divina fui eu. Rá, sacaneei, sim. O roteiro é genial, o Luna é genial, o Reinofy é genial, o Peu é genial. Sim, meu roteiro de documentário está quase "listo", bati três vezes na casa de Yemanjá e lembrei de outra lua, outra praia e outra conversa. Com ela mesma, Yemanjá. Acho que ela me ouviu. "Dani, você é demais". "Não digo que não nem que sim, só peço que me perdoe". Ué, eu já não tinha perdoado na linha 1?

Aiquesaudade, "grabaaaaaando", passei pela locação de prédios modernos e senti falta. Me afeiçoo fácil, um cafuné, um agrado, um biscoito, e já rolo no chão, dou a patinha e finjo de morta. Finjo que não vi, que não vim, que não estou, que não sou. E eu sou? Gasolina acaba, posto ilegal, queixas, vai com Deus. Não sei o que quero e quem eu quero. Mas eu quero. Black russian, caneeta lilás, CD Sauípe Hits e o dia não quer acabar.

E, PUTA QUE O PARIU!!!, eu acredito em sinais!

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TKS dobrado.

Câmbio, desligo.

terça-feira, outubro 07, 2003

Procura-se

.Alguém que tenha um scanner de cromos.
.Alguém para dividir apartamento comigo.

Ambos com urgência.

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Estou montando a atualização do meu site de fotos... Sauípe, os sobreviventes...
Pessoas de Sauípe



Da direita pra esquerda:

Luna
Orriol
Theuba
Lala
O meu torso de cabeça

Oh, yeah, fui limada da foto!!!

Luna, você vai ver a minha vingança!
Depressão circadiana.

Se não for, tenha certeza de que é transtorno distímico, ou mau humor dos brabos, mesmo.

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Scooby Doo...

Inspiração, minha filha, cadê você?

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Hoje é terça, e o domingo foi um fiasco, idem a segunda. Amanhã é que a vida volta devagar pro eixo, quando vou conhecer o neto da minha amiga sem noção. Depois tem um lançamento de livro na quinta, e logo depois uma baladinha, e sexta...

ITHAMARA KOORAX NA CONCHA!

Não aceito nenhum convite para nada na sexta feira, tenham certeza. Pelo menos até as 21 horas, não arredo meu pé , e o meu coração, daquela concha acústica.

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Reta final do CD Sauípe Hits

Depois de muito discutir o conceito do que não é conceituado, será queimado hoje, em ritual solene, a matriz do CD das mais ouvidas de Costa do Sauípe (versão "Sobreviventes"). Para balançar, uma série eclética de músicas que fizeram a cabeça da equipe sangue bom sauipana. Sucessos como Garota Materialista, Vamos a La Playa, 16 toneladas e Danúbio Azul (que não achei na versão acapella, infelizmente) recheiam esse CD, que ainda tem Nós vamos invadir sua praia, Papai Noel Filho da Puta e Tô Nem Aí.


Numa boa, minha carreira como produtora musical está só começando...

domingo, outubro 05, 2003

Chegaram até aqui procurando por um dos meus profissionais preferidos, Manel Esclusa. Pessoa de coração ímpar, bom na essência, cavalheiro, carinhoso, sempre com uma palavra doce para cada um de nós. Fotógrafo dos melhores, homem sem igual, alma nobre. Tive a honra de trabalhar com ele por um mês, e mais tempo tivesse, mais feliz teria sido.

Bom gosto esse de quem o procurou aqui.

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— Vou visitar a minha Valentina amanhã!

Decisão de manhã de domingo, de quem está de saco cheio de tudo, de quem procura colo. Decisão de quem teve aguçadas as saudades ao longo da semana inteira.

Mas a consciência bateu, a razão voltou, a responsabilidade falou mais alto. Minha amiga querida, não foi dessa vez...

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Se tento fazer as minhas noites menos junkies, minha manhã começa com um cigarro aos 15 mnutos do primeiro tempo.

"Houston, we have problems..."

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CONVOCAÇÃO

Senhoras e senhores leitores deste blog, gostaria de solicitar-lhes que me mandessem um desenho de um sol, para que ele seja tatuado no meu corpo no prazo máximo de uma semana. Todos os tipos de sol serão bemvindos, dede os sois nas cartas de tarot até os sóis free hand.

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O que me deixou triste: a dor, o amor ou o descaso?

— E assuma, Daniela, que a dor do outro foi mais incômoda do que você gostaria!

Cala a boca, Consciência!
Só no bar daquele homem lindo, delicioso de companhia (hum, de corpo também...), inteligente, fabuloso, se pode assistir ao Encouraçado Potemkin enquanto se ouve uma versão genial de "I'll be watching you".

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Eu achei que era descaso. Não era.

Era dor.

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Já escolhi o desenho da próxima tatuagem: um L, na testa. Loser.

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O mundo feminino é tão cruel quanto o mundo infanto-juvenil. O prazer que se sente em magoar a próxima é quase sádico.

Eu disse quase? Retiro.

Prefiro meu mundinho cercado de homens por todos os lados. Miseravelmente os beijos estão garantidos com eles.

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Preciso de um namorado. Namorado mesmo, estou cansada da dança do acasalamento todos os dias, cansei de ter que me apresentar a cada investida, cansei de tentar parecer brilhante o tempo todo. Cansei da expectativa do beijo. Quero a segurança de saber exatamente quem está ressonando no travesseiro ao lado do meu, quero a rotina. Quero a garantia de dormir abraçada. Quero a sorte de um amor tranquilo.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Eu precisava disso.

Eu precisava desbundar, acordar numa cama desconhecida, com um gosto monstruoso de cabo de guarda chuvas na boca...

Quando vem a cigana, tenha medo... E ontem quem veio foi ela...

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Encontrei o sósia francês do M. Legrand ontem. Vítreos cabelos castanhosque foram louros.

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É hora de dormir, né?

quarta-feira, outubro 01, 2003

Ah, Juliana...

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O sonoplasta da série Daniela McBeal é um sádico. Juntando com o roteirista, então...

Primeiro me coloca num quarto de hotel, deitada numa namoradeira (um móvel, viu, seres humanos?), com meia luz. Só os olhos se mexiam, acompanhando a movimentação do M. Legrand na arrumação da mochila.

— Fazer a mala é muito triste. Ainda bem que não estou sozinho, desta vez.

Ato contínuo, parou e deixou que os olhos escorpianos se quedassem nos meus. Verdes olhos castanhos, sem pudores, sem reservas. Ultrapassamos o tempo regulamentado pela boa educação, e seguimos com os olhos fitos um no outro. Pedi arrego: baixei o olhar, sorri, e mudei de assunto.

— Daniela, você cochilou nos créditos do filme e perdeu a melhor parte!

Lá vem ele com o discman, senta na espreguiçadeira comigo, coloca os fones no meu ouvido, e me explica que aquela é a trilha sonora do seu longa. Longa, aliás, que tentei ver, mas meu DVD, cúmplice, sabia que mais um estímulo visual e eu acabaria apaixonada. A trilha sonora... Que delicadeza, que singeleza, que coisa mais linda! Trilha incidental, coral de anjos, e touché!, eis-me presa pelo apanhador de sonhos espanhol.

Meus olhos ficaram rasos. Foi muito forte para um dia que teve restaurante japonês, fotografias várias, dry martini, e que terminou com o pôr do sol na praia. Dia em que fui confundida com espanhola, que deitei no céu para ver a lua sorrindo para mim. A lua, ele e seus olhos.

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Sono. Acho que sou narcoléptica.

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Três séries de abraços, beijos, promessas de voltar.

— Vaya con Diós! — e os olhos de quem ouviu se encheram de lágrimas. Nunca imaginei que essa moça forte, apaixonada, de venetta, fosse tão sensível, tão emotiva. Artista, que só deixou que tudo viesse à tona no último dia.

— Te quiero! — e o dono dos oceanos particulares deixou seus braços em volta dos meus ombros, segurando forte, alegria triste.